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Hugo Silva – Especialista em Mediação Imobiliária
O sector imobiliário teve necessariamente de se adaptar às novas contingências. É verdade que estávamos todos mais optimistas no primeiro confinamento. Não sabíamos o impacto, não sabíamos quanto tempo, e em tempo de optimismo muitos de nós pensávamos que íamos passar alguns dias em casa, para quem como eu, viciado no trabalho, estar mais de três dias sem trabalhar já começa a parecer uma inactividade de séculos.
É claro que, um novo impedimento de circular livremente, de fazer a nossa catividade normalmente, iria trazer alguns impactos, mas penso que a grande maioria aprendeu algumas lições com o primeiro confinamento. Por isso, apesar de estarmos todos em confinamento, desta vez o nosso sector não parou. Isto porque, fomos “forçados” a usar as novas tecnologias, o que nos permite não ficar sossegados em casa sem objectivos definidos.
Somos impedidos de circular, mas não de funcionar. Por exemplo, a optimização das base de dados de clientes, aprender a usar um CRM, a profissionalização das redes sociais, preparação de reuniões via Zoom – a impossibilidade de circulação não nos impede de estarmos próximos dos nossos clientes.
Aquilo que cada vez mais fazemos, eu e os meus colegas de profissão, é aquilo a que chamamos “qualificação”. Passo a explicar – tentamos conversar mais com os nossos clientes, perceber com maior exactidão o que pretendem, quer seja no acto de venda ou de compra. E, após essa qualificação, fazemos uma análise relativa à viabilidade, ou não, de agendamentos presenciais.
Com a nova realidade, as conversas tornam-se mais longas, tentamos entender se o cliente tem realmente capacidade para comprar, e se está disposto a fazer visitas neste momento dentro das medidas exigidas por lei. Se sim, então tomamos todas as precauções e avançamos com visitas – claro que sempre com antecedência, e sempre com o máximo de cuidado, conforme indicações da DGS, quer para nós como para os nossos clientes.
As condicionantes são a proibição de aglomerar mais de duas pessoas na mesma casa, usar a máscara, usar o desinfetante, manter sempre o distanciamento dos clientes, os elevadores nunca são partilhados, e todas as nossas ações são feitas com antecedência e aviso prévio dos vários intervenientes.
Hoje, aquilo que mais nos surpreende, é que as pessoas estão mais conscientes e a par de todos estes cuidados, por isso torna-se mais fácil, apesar dos vários impedimentos, manter a nossa actividade nos serviços mínimos.
É importante relembrar que, na nossa constituição, a habitação é um direito fundamental. Por esse motivo, a compra, venda ou arrendamento tem de ser uma constante. Estou e estamos todos focados em ajudar as pessoas, porque as pessoas continuam a mudar de emprego, a casar, a constituir família a divorciarem-se e a falecer. O ciclo da vida continua e, nesse sentido, existem constantemente muitas famílias a mudar de habitação, logo a nossa actividade é essencial.
Estamos confinados e limitados nas nossas acções normais, a nossa actividade fica muito condicionada, mas há algo que pelo menos eu não deixo de fazer, manter o contato com todos os que me pedem ajuda, e não posso deixar de encontrar soluções para quem tem de fazer alterações nas suas vidas.
Sem correr riscos, pelo bem de todas as pessoas que entram em contacto connosco.