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Hugo Silva – Especialista em Mediação Imobiliária
A resposta a esta pergunta é um afirmativo não, que para quem não está ligado ao ramo imobiliário pode ser mais difícil de entender. Isto porque mais uma vez, o comportamento do mercado imobiliário não é comparável a muitos mercados na sua reação a acontecimentos socioeconómicos. O mercado imobiliário é lento, muito lento, na velocidade de reação de preços, seja para subir ou para descer.
Este “não” de resposta tem de imediato uma justificação: os preços são significativamente mais baixos na periferia do que nas grandes cidades. Isso leva a que a procura se mantenha estável durante mais tempo, pois quando soam alguns alarmes, as pessoas que mais rapidamente procuram respostas, tentam de imediato baixar as suas despesas fixas tais como rendas ou prestações mensais. Isso leva a um êxodo para a periferia.
O mercado imobiliário funciona, para o bem e para o mal, como que uma “explosão”, existindo o centro, Lisboa e Porto, onde os danos são imediatos. No entanto, as ondas de choque vão expandindo no seu perímetro demorando algum tempo a chegar a periferia. Assim acontece no imobiliário.
A partir de 2014, quando se deu o grande aumento de valores nas grandes cidades as ondas de choque demoraram muito tempo a chegar a periferia. Só começamos a ter algumas alterações significativas na periferia a partir de 2016 e muito lentamente a procura foi aumentando e os valores consequentemente foram subindo.
Esta procura aumentou, pois, os valores para se viver nas grandes cidades de Portugal, que ficaram praticamente impraticáveis para a maioria dos portugueses. Isso forçou a uma mobilidade da população para longe do centro da cidade. Claro que esse êxodo populacional das grandes cidades funcionou como um rastilho para o aumento dos valores da periferia. Os valores crescem à medida que a velocidade da procura aumenta.
Claro que quando se dá a pandemia e, por consequência, o confinamento, os arautos da desgraça deram inicio à especulação sobre o fim do mercado imobiliário como se de uma desgraça se tratasse. Felizmente esta desgraça anunciada ainda não chegou, muito pelo contrario a procura continua a ser tanta ou mais do que aquilo que estava.
Respondendo de forma muito concreta à questão inicial deste artigo sobre se a procura aumentou por causa da pandemia? NÃO, a procura já estava alta e manteve-se exatamente como estava antes da pandemia. Porque as ondas de choque das grandes explosões nas grandes cidades ainda estão a percorrer o seu caminho e a progredir naturalmente, como se ainda nenhum acontecimento socioeconómico se tenha dado.
Mas não nos deixemos enganar, pois quando se iniciar o processo inverso, o ciclo será exatamente da mesma forma. Por exemplo, quando as grandes cidades começam a sofrer revisões de valores, essa revisão negativa só chega à periferia daqui por alguns meses ou até mesmo anos.
Mas atenção, usando mais uma vez figuras de estilo, é necessário relembrar que a economia da periferia é mais frágil do que nas grandes cidades. Por isso, se acontecer uma constipação nas grandes cidades, a periferia irá ter uma valente gripe.
Os dados estatísticos oficiais demonstram que, nos últimos dois meses o número de vendas continua a aumentar e os preços continuam a não baixar, mas estes dados são médias de todo o país, tendo cidades e periferia tudo misturado. Por isso não tenho a menor dúvida que a periferia das cidades estão a ser o verdadeiro suporte para estes dados serem ainda positivos.
Apenas uma pequena nota final, e para todos aqueles que estavam fartos de turistas, precisamos de ver as nossas cidades com turistas, porque passar pelo centro das cidades hoje é absolutamente desolador, triste e enfadonho. Cidade para turistas visitarem e periferia para os portugueses viverem, sei que nem todos têm a mesma opinião que eu, mas todas as grandes cidades do mundo, que todos nós olhamos com admiração, são o quê? Olhemos para cidades como Nova York, Londres, Paris, Tóquio… Estas cidades que tanto admiramos vivem, não na maioria dos seus compatriotas, mas do capital estrangeiro, e nós portugueses porque será que queremos cidades nossas, e depois temos a periferia e o centro do pais deserto?